sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Fim Não Está próximo

Você já ouviu falar no tal APOCALIPSE MAIA DE 2012?


O pânico aumenta a cada dia. Na intemet, uma verdadeira proliferação de sites e bIogs discutem o que para mui­tos, é inevitável: segundo a profecia maia, "observações" astronômicas e conclusões de videntes e espíritas, o ano de 2012 trará a destruição de nosso planeta. Se não do planeta inteio, a de grande parte da vida nele. O mais espertos, claro, compra­rão os livros e os kits de sobrevivência disponíveis na intenet. Grupos cristãos faIan do Armagedão, o encontro entre o Bem e o Mal que marca o fim dos tempos. Blogs narram conspirações de governos e cientistas que escondem a verdade. Poque? Para evitar o caos, a desintegração da sociedade. Se soubéssemos que o fim está chegardo, nos autodestrui­riamos. Mas é só visitar sites como http:I/yowusa.com/planetx/#fuature para descobrir a "verdade". Afinal, faltam apenas quatro anos anos para o fim!

Nostradamus, como sempre, também havia previsto esse fin de mundo. Aliás, parece que ele previu vários deles aos quais felizmente, conseguimos sobreviver. Fico impressionado com a capacidade das pessoas em se deixar levear- por invenções como essas. Não existe absolutamente nada de verdadeiro nos ditos nos "fatos cien­tificos"- que levarão à terrível destruição do nundo em 2012. Não existe nenhum planeta X, ou Nibiru, cuja órbita aproximará da Terra numa órbita alongada aproxima-o da Terrra de tempos em tempos , causando devastações apocalípticas. Não foi ele o responsável pela destruição dos dinossau­ros e sim a a colisão de um asteróide de 10 km de diâmetro. Sem dúvida planetas e objetos estão sendo sempre descobertos. Em 2005, um novo planeta foi observado além da órbita de Plutão pelo grupo do astrônomo Michael Brown, do Instituto de T ecnologia da Califórnia, o Caltech. A uma distância média do 50.197 vezes maior do que a da Terra, o planeta - chamado temporariamente de 2003 UB313 - tem uma massa 1,5 vez maior do que Plutão. E é completamente inofensivo.

Muitos dizem que, no calendário maia, o dia 21 de dezembro de 2012 marca o fim do mundo. O que ocorre é que, nesta data, termina a contagem deste cido de tempo, o de número treze (que azar!), que durou 5.125 anos. Existe apenas uma inscrição incompleta nas ruínas de EI Tortuguero, em Chiapas (México), e dela foi criada a conjectura de que o fim do tal cido levaria à destruição do mundo e à criação de outro. Como os maias tinham uma astronomia de alta precisão, apesar de não terem telescó­pios, devemos concluir que a previsão deve estar correta, e o fim é mesmo inevitável.

Segundo a astronomia moderna, porém, não há nenhum objeto celeste em rota de colisão com a Terra no momento. Mas é verdade que isso ocorre de tempos em tempos. Em 1908, um fragmento de um corneta ou asteróide explodiu sobre uma região remota da Sibéria, destruindo 2000 km2 de floresta. Esse tipo de fenâ­meno é impossível de ser detectado com antecedência devido ao pequeno tamanho cio bólido - no caso, em tomo de 30­ metros de diâmetro. É também verdade que cometas podem penetrar incógnitos a região central do Sistema Solar (onde residimos) até estarem próximos da órbita de Júpiter, o que nos daria em torno de dois anos de aviso prévio. Mas a possibilidade de uma colisão com a Terra é muito, muito pequena. E, com esse prazo, seria possível enviar uma sonda para tentar desviar o cometa. Ou seja, só a ciência poderá nos salvar.

É preciso separar nossas ansiedades e o fato de vermos o mundo em crise de um medo religioso de destruição. Se temos a necessidade de uma nova coincidência para lidarmos com os problemas da nossa geração, o melhor a fazer é nos ajudarmos uns aos outros e não sucumbir à propaganda mentirosa dos que querem se aproveitar de nossas inseguranças. . Não é à toa que Carl Sagan chamou seu último livro de "O Mundo Assombrado por Demônios" e deu-lhe o subtítulo "a ciência vista como uma vela no escuro". Será que os vários fins de mundo de pro­fecias passadas não são suficientes para nos convencer de sua tolice? Ou vamos ter de esperar mais quatro anos?